Reforma do escadão + ajuda a moradores de rua + reciclagem de óleo de cozinha

Reforma do escadão + ajuda a moradores de rua + reciclagem de óleo de cozinha

30/abr/19 por Antonio Prata

Em breve, se tudo der certo, teremos um escadão reformado, limpo e seguro. Ótimo! Mas e se essa reforma for além e puder ajudar a minorar o problema dos moradores de rua, despoluir nossos rios, desentupir nossos canos e reduzir o efeito estufa? Parece exagero? Talvez seja. Mas só um pouquinho...

Desço todos os dias o escadão no final da Pernambuco, a caminho do trabalho. Há sempre uma apreensão: depois de uma olhada para baixo para ver se não há ninguém ali que possa me assaltar, desço rápido, de olhos bem abertos e nariz tapado, para não sentir o cheiro desagradável deixado pelos moradores de rua que usam o escadão como banheiro.

Nestes momentos, costumo pensar: se para mim, que passo rápido, é desagradável a situação, imagina só para as pessoas que vivem na rua e precisam se esconder pelos cantos escuros da cidade para satisfazer suas necessidades? Pior: muitas vezes, acabam procurando o mesmo lugar para dormir. Estão vivendo, literalmente, na m...

Quando soube da excelente iniciativa de alguns vizinhos da rua Pernambuco, que estão se movimentando para reformar e revitalizar o escadão, pensei que era uma ótima oportunidade para olharmos além da nossa rua e contribuir para mitigar, mesmo que minimamente, esta tragédia com a qual convivemos em São Paulo: vinte mil pessoas morando na rua.

Não seria incrível se, em vez de simplesmente impedir estas pessoas de usarem a escada como banheiro (o que os faria usar outra escada, a praça ao lado, um espaço qualquer entre um muro e uma caçamba de entulho), pudéssemos ajudar essas pessoas a terem acesso a um banheiro de verdade? A dormir num leito limpo? A encontrarem um emprego? Um rumo? Saírem definitivamente da rua?

Uma ONG com quase 40 anos de história
Fiz uma pesquisa, falei com pessoas que trabalham com o assunto e cheguei a uma ONG chamada SAEC (Sociedade Amiga e Esportiva do Jardim Copacabana). A SAEC começou numa região pobre da zona sul de SP, em 1982 e hoje atua na cidade toda. Entre outras muitas frentes de trabalho, eles administram albergues da prefeitura, onde têm como foco não apenas dar comida, higiene e abrigo aos moradores de rua, mas tirá-los desta situação, engajando-os em projetos que lhes tragam de volta a autoestima e o desejo de mudar o rumo de suas vidas.

A SAEC também faz abordagens de moradores de rua, através de seus assistentes sociais, conversando com as pessoas e tentando convencê-las a irem para os abrigos. (No caso do escadão, caso haja moradores fixos ali ou consumidores de crack, a SAEC poderia fazer esta abordagem).

Não é fácil tirar uma pessoa da rua, muitos destes 20 mil cidadãos são viciados, doentes psiquiátricos, vêm de famílias desestruturadas e têm histórias de vida bem complicadas. A dificuldade, porém, não pode servir como desestímulo, mas como impulso para que enfrentemos a situação.

Como podemos colaborar?
O dinheiro que a SAEC recebe da prefeitura não cobre todos os seus gastos, de modo que a ONG conta com doações de empresas e cidadãos. O dinheiro da prefeitura também é contingenciado e não pode ser gasto em infraestrutura ou reparos. A todo momento a SAEC precisa de lâmpadas, chuveiros elétricos, maçanetas, camas... Entrando em contato com a ONG, podemos ajudá-la doando o que tivermos sobrando ou mesmo comprando o que lhes falta. Caso queiram saber como colaborar, aqui vai o telefone de uma das diretoras com quem tenho mantido contato, a Tifani: 11 99647-1941

Recolhimento de óleo de cozinha
Um projeto interessante que a SAEC desenvolve e no qual nós da AMP poderíamos nos engajar imediatamente, sem custos, é o de recolhimentos de óleo de cozinha velho. A SAEC deixa grandes galões de plástico nos prédios, os moradores despejam lá seu óleo utilizado e, quando o galão estiver cheio, a ONG passa para pegar. O óleo é vendido para uma indústria de biodiesel e aplica o dinheiro da venda nos projetos com moradores de rua. Cada litro que nós jogaríamos no lixo ou (pior!) na pia, entupindo canos e poluindo rios, converte-se em um real na mão da ONG.

Ganhamos nós, que damos um fim ao óleo usado. Ganha o meio ambiente, duas vezes, deixando de receber litros de uma substância poluente e ainda contando com mais biodiesel, combustível que colabora menos com o efeito estufa do que os combustíveis fósseis, e ganha a população de rua da cidade de São Paulo, que terá uma ONG mais fortalecida para tentar mudar a sua situação.

Já estamos providenciando os galões para os prédios da rua Pernambuco. Se você mora por perto e quer um galão no seu condomínio, escreve para a Tifani ou para o degrau@escadario.com.br.

Abraços a todos.